Atividades psiquiátricas no campo dos transtornos devidos ao uso de substâncias psicoativas / Psychiatric activities in the field of disorders resulting from the use of psychoactive substances

É grande o número de instituições, propostas, pesquisas, publicações, no campo dos transtornos devidos a uso de substâncias psicoativas. Não há progresso correspondente dos resultados obtidos no tratamento clínico. Conceitos e pontos de vista adequados são indispensáveis. A visão de mundo dos drogados é determinada não somente pelos efeitos bioquímicos da intoxicação, mas também pela experiência vivida, pela maneira de existir. Aceitar tal postulado permite conceituar o problema, favorecer pesquisas e tratamentos mais eficientes. A prevenção das intoxicações, da instalação da dependência, depende de medidas pedagógicas sociais e jurídicas, entre outras, que não podem ser nem estudadas nem realizadas pela medicina

La clinica psiquiatrica y el pensamiento cientifico / Pschiatry and scientifity

Los autores presentan una tentativa de aproximar las bases científicas de la psiquiatría de las bases contemporáneas de las otras ciencias. El concepto y cientificidad es discutido en función de las prácticas de biología, física, matemática, medicina

Desospitalizaçåo / Dehospitalization

O termo "desospitalizaçäo" entrou nos programas de saúde mental, nas regiöes as mais ricas do mundo, nos anos 60 (Califórnia, EUA, UK). O argumento mais usado era: "o hospital psiquiátrico cronifica". As pesquisas näo o confirmam, nem para autores que inicialmente o sustentavam. Amplos estudos constatam que certos casos evoluem para deterioraçäo mesmo com tratamento aplicado fora do hospital. A internaçäo em hospitais ruins prejudica, mas melhorando as condiçöes dos mesmos, o estado do paciente melhora. Portanto o mal näo está na hospitalizaçäo em si, mas na má qualidade de certas instituiçöes. A associaçäo entre alteraçöes cerebrais e sintomas deficitários prova, para certos autores, que a evoluçäo crônica depende da natureza da doença e näo do ambiente no qual se realiza o tratamento. Nas famílias de intensa expressäo emocional, o risco de recaída é proporcional com o número de horas passadas pelos pacientes, no lar. Serviços comunitários aptos a substituir o hospital näo foram criados em medida suficiente, em nenhum país. A experiência italiana, com a lei 180/1978, é considerada por muitos um fracasso, um desastre. Mesmo seus defensores admitem que ela näo deu os resultados esperados, porque näo foram alocadas verbas necessárias para os cuidados alternativos. No HSPE de Säo Paulo, trabalhamos desde os anos 60 com ambulatório, hospital-dia, enfermaria psiquiátrica em hospital geral, oficina abrigada. Inicialmente nos iludimos com a idéia da aboliçäo do hospital psiquiátrico. Quase trinta anos de experiência nos levaram a entender que tal proposta é ingênua, decorrente de falta de informaçäo. Nosso combate continua contra as más condiçöes materiais e humanas, nos hospitais. O objetivo é ampliar o atendimento ambulatorial, limitar ao estritamente necessário a internaçäo, desenvolver os cuidados comunitários. Extinguir os hospitais psiquiátricos seria criar graves problemas para doentes e suas famílias; seria irresponsabilidade

A evoluçao histórica do conceito de depressao / Historic evolution of concept of depression

O conceito de depressäo, como entidade nosológica, foi introduzido por KRAEPELIN. Ainda o termo é usado para significar sintoma, episódio de doença. Sua presença na doutrina psiqui trica pode ser analisada em relaçäo aos conceitos de melancolia, transtornos do humor ou afetivos. Näo encontramos uma evoluçäo linear, nem a chegada a um ponto que possa ser considerado um pice. Novos modos de conceber a depressäo nos parecem indispens veis, para a evoluçäo da teoria e pr tica psiqui trica

O teste da supressäo da dexametasona em pacientes de uma enfermaria psiquiátrica / The supression test of dexamethasone in patients of a psychiatric infirmary

O teste da supressäo da dexametasona (TDS) foi realizado em três amostras de pacientes psiquiátricos internados da seguinte maneira: 93 pacientes testados só na admissäo, e 43 pacientes testados só na alta. Todos foram examiandos do ponto de vista clínico, diagnosticados de acordo com o RDC e foi obtida história de perda de peso e uso de drogas na semana que antecedeu a internaçäo. Na internaçäo a taxa de näo supressäo foi de 41// (106 testes) positivos em 259 pacientes) independentemente do diagnóstico, na alta a taxa foi de 27//. Considerando cada grupo diagnóstico na internaçäo, depressäo maior endógena primária foi o grupo com maior taxa de näo supressores (55//) seguidos por transtorno por uso de drogas (44//) e alcoolismo (42//). Todavia, levando em conta fatores que poderiam levar a um falso positivo tais como perda de peso, uso de medicaçäo por conta própria e várias patologias orgânicas, sendo esses fatores muito comuns em países de terceiro mundo como o Brasil, 46// dos 106 näo supressores poderiam ser considerados como falso positivos. A taxa de falso positivos poderia alcançar 74// considerando apenas os 23 deprimidos endógenos maiores näo supressores. A perda de peso foi a causa mais comum associada aos casos näo supressores. Sugere-se que tendo em vista as más condiçöes de vida da populaçäo, as deficiências do sistema de saúde e a prática generalizada de automedicaçäo sem supervisäo médica, que o TSD deva ser usado, se usado, muito cautelosamente no Brasil e provavelmente em outros países do terceiro mundo

Psiquiatria: notas para o vigésimo ano de temas / Psychiatry: notes for the 20th. year of themes

Os autores discorrem sobre as ciências cognitivas, entre as quais se incluem as neurociências e a psicologia cognitiva, em oposiçäo à psiquiatria e psicopatologia. Neste contexto descrevem como abordam os pacientes, em dois níveis similtâneos, usando linguagem e conceitos neurofisiológicos e psicopatológicos

Para uma psiquiatria dos anos noventa / Towards a Psychiatry of the 90's

Os autores fazem análise da Psiquiatria dos anos 80 (preocupada com concordância diagnóstica, códigos, entrevistas estruturadas, sendo a publicaçäo do DSM-III o maior evento psiquiátrico da década), contrapondo-a à dos anos 60 (em que se privilegiava o místico, o alternativo e em que a ciência era vista como opondo-se à vida). Discute-se o que caracteriza a ciência: näo é o rigor, a certeza, a perenidade, a expressäo quantitativa, a objetividade; mas sim, o saber crítico, experimentos pensados em funçäo de modelos, hipóteses. Discute-se também a importância dos julgamentos de valor e a questäo dos postulados básicos e da subjetividade no modelo científico

Das demências Alzheimer e dos distúrbios de memória / Alzheimer dementias and memory disorders

As dêmencias säo geralmente apresentadas na literatura como equivalentes a alteraçöes graves de memória. Nossa proposta é conceber a memória näo como funçäo isolada, mas como qualidade de vivência. Näo dependeria a memória do armazenamento de proteínas em certas regiöes cerebrais mas da atividade privilegiada de certos sistemas neurais que determinam açöes em funçäo dos estímulos recebidos, da significaçäo que lhes é dada pela pessoa, dos objetivos, desejos, motivaçöes da mesma. As demências constituem näo apenas perda de funçöes isoladas mas uma alteraçäo global das vivências. As experiências näo säo mais identificadas como o Eu, näo säo mais "lembradas" com os significados tidos antes da instalaçäo da doença

Confiabilidade e validade do diagnóstico psiquiátrico / Reliability and validity psychiatric diagnosis

Os autores descrevem os conceitos de Validade e Confiabilidade, e, de maneira crítica, discutem os modos pelos quais säo mensurados, bem como o problema do diagnóstico psiquiátrico diante de tais conceitos

Reflexöes do clínico sobre psicofarmacoterapia / A clinician's reflections about pharmacotherapy

As pesquisas com psicofármacos têm sempre resultados divergentes em matéria de indicaçöes, dosagem, modo de açäo. Deficiências conceituais explicam em grande parte as contradiçöes dos resultados das pesquisas. O diagnóstico feito por soma de sintomas, a associaçäo de remédios, as megadoses säo conseqüências das bases teóricas insatisfatórias

Proposta de um novo conceito de esquizofrenia / Proposed of a new concept of schizophrenia

Os autores questionam o conceito tradicional de esquizofrenia e discutem uma nova proposta. Nesta, pacientes que em geral eram chamados de esquizofrêncios säo concebidos como tendo uma alteraçäo neurofisiológica e um processo alterado de comunicaçäo no qual há o abandono da lógica (PIAGET)

Conceito de psicogênese e seus limites / Psychogenesis concept and its limits

usa-se o temo "psicogênese" para afirmar que certas alteraçöes físicas ou mentais säo provocadas por fatores psicológicos, conflitos, traumas. Em oposiçäo a "somatogênes" que inclui distúrbios de causa material. Uma posiçäo mais sutil é a de propôr a "psicogênese" näo em oposiçäo à "somatogênese", mas como complementares do paciente, e näo somente a parte de seu organismo. O conceito teve méritos no desenvolvimento da psicossomática em geral e da visäo psicanalítica em especial. Mas ele mantém uma separaçäo corpo/mente, na etiologia e terapia médica. A física de nosso século adotou conceitos que lhe permitiram os avanços conhecidos. Mais perto dela, a biologia segue o mesmo rumo. Para a atualizaçäo da medicina säo necessários conceitos que decorressem de novos paradigmas, ultrapassando a oposiçäo mente-corpo, matéria-energia

Notas sobre senescência / Senescence

A velhice - senescência - é uma idade de perdas, diminuiçäo na maioria das manifestaçöes vitais. Quando näo ocorrem características patológicas. As funçöes prejudicadas säo diversas, os graus de prejuízo säo diversos de modo que dificilmente se poderia falar de uma psicologia da velhice, sendo mais adequado falar de psicologia do velho. A psicopatologia propriamente dita, a doença associada à velhice é um capítulo à parte. Näo consideramos a velhice, apesar de suas caracteres de cisma e perda, como patologia

Conceito atual de psicossomática / Current concept of psychosomatics

A observaçäo de certas publicaçöes recentes sugere que os psiquiatras interessam-se menos que os médicos de outras especialidades pela psicossomática. Encontramos uma tendência "somatopsíquica", salientando-se a importância da abordagem corporal na interpretaçäo e terapia da pessoa. Procurar conflitos específicos ou características de personalidades correspondentes a alteraçöes somáticas tem sido uma prática superada pela psiquiatria, mas mantida por certos pesquisadores de outros ramos da medicina, que parecem ignorar que isto já foi tentado. Existe, pelo menos teoricamente, um acordo: a psicossomática é concebida como uma visäo da medicina e näo como um certo grupo de doenças

O conceito de depressäo

Os autores analisam o conceito de depressäo como desordem afetiva. As divergências constantes entre os resultados das pesquisas clínicas e de laboratório, sugerem a ineficácia do modo que as desordens depressivas säo concebidas. É apresentada uma proposta: considerar como depressöes os casos com lentificaçäo dos processos psíquicos e estreitamento do campo vivencial. No outro extremo, a mania seria caracterizada pela aceleraçäo dos processos psíquicos e a expansäo do campo das vivências. O uso de tais noçöes poderia definir melhor os gruos de pacientes para pesquisas clínicas e de laboratório